Lamborghini Miura P400SV 1971 by Welly
Miura Spinto Veloce (SV) é a versão mais desenvolvida e “apurada” do primeiro supercarro da Lamborghini. Como em todos os Miuras, as suas especificações agressivas e perfil elegante, definem a imagem da Lamborghini, sendo comum referir o Miura como o primeiro supercarro do mundo. Contudo é importante abordar a questão de forma mais abrangente, chamando-o primeiro supercarro moderno conjuntamente com o Ferrari 275 GTB e o Mercedes 300 SL, que surgiram imediatamente antes do Miura.
Apenas três anos depois da apresentação do primeiro protótipo da Lamborghini no Salão de Turim em 1963, no fim-de-semana do Grande Prémio do Mónaco de 1966, o Miura nº1 estava parqueado na Place do Casino. Aquele atraente carro partilhava o nome com um possante touro de Sevilha e era completamente diferente de qualquer uma das propostas da Ferrari. Ferrucio dizia “O Miura destina-se ao mais exigente condutor desportivo, a quem procura o melhor em design e performance.” Nesse fim-de-semana o carro causou sensação tornando-se este um dos momentos mais marcantes na vida de Ferrucio Lamborghini.
Antes do Miura, Ferrucio tinha-se estabelecido como industrial de sucesso sendo um dos seus objectivos, destronar a Ferrari com a apresentação de modelos de alta qualidade, tais como o 350GT e o 400GT. Assim se deram os primeiros passos na concepção do Miura, com o motor V12 desenhado por Giotto Bizzarrini (anteriormente um engenheiro da Ferrari), atingia-se o patamar máximo de potência. Inicialmente este V12 de 3.5 litros gerava uma potência máxima de 365cv às 9800rpm, tendo sido aumentado para um 3 929cc que debitava 390cv. O bloco aplicado no Miura era construído a partir de uma única peça de alumínio que combinava o bloco dos cilindros, caixa e transmissão.
Gian Paolo Dallara e o seu assistente Paolo Stanzani desenharam o chassis tubular que colocava o V12 de Bizzarrini imediatamente atrás do condutor, ficando o motor em posição transversal. Eles foram inspirados tanto pelo Lola GT, um carro de corrida desenvolvido por Eric Broadley que cedeu o design do seu chassis tubular ao Ford GT, e o Austin Mini com o seu motor transversal.
No Salão de Turim, em 1965, foi apresentado o design final, um chassis despido que permitia apreciar uma configuração muito radical e imaginar o que seria o resultado final.
Apesar do chassis do Miura nos levar a acreditar que estávamos na presença de um carro de corrida, a estratégia de Ferrucio excluía por completo a competição. De facto, Ferrucio inseriu no estatuto social da companhia a proibição de competir, evitando assim o pesado investimento a que seria obrigado para competir com Ford e Ferrari em Le Mans. O Miura estava antes destinado a tornar-se um carro de estrada no seu expoente máximo.
No Salão de Turim, o design das linhas do Miura estava ainda por adjudicar, tendo sido nomeado no final do certame Nuccio Bertone, sendo que este englobava todas as competências necessárias para a produção em série do modelo na Carrozzeria Bertone SpA. As primeiras propostas foram apresentadas por Giorgetto Guigiario que acreditava estar a trabalhar num novo carro de Bizzarrini. Quando Guigiario abandonou a firma, Marcello Gandini terminou o trabalho, de onde resultou uma frente mais baixa que obrigou a reposicionar o radiador. Na conclusão do projecto Bertone assumiu ele mesmo o trabalho, chegando a uma proposta final para apresentar a Lamborghini. Devido ao trabalho destes três talentosos designers, o Miura não tinha uma linha errada.
Mais tarde a Carrozzeria Bertone passou a ser a responsável pela montagem de carroçaria e interiores nos chassis produzidos por Marchesi.
Por fim, a instalação do motor, transmissão e suspensão eram efectuadas na fábrica da Lamborghini em Santa'Agata Bolognese.
O primeiro protótipo foi pintado em laranja e Bertone conduziu-o pessoalmente até ao Salão de Genebra em 1966. Aí o Miura tornou-se o ponto alto da exposição, roubando protagonismo ao Ferrari 330GTC, também ele uma estreia. Uma press-release que anunciava 320km/h e um passeio ao Grande Prémio de Montecarlo foram os toques finais para o nascimento de um mito.
Inicialmente, as encomendas excederam a capacidade de produção e a Lamborghini apenas se tinha de preocupar em fabricar. Vários protótipos de pré-produção foram construídos e testados traduzindo-se em pequenas variações do que seriam as especificações do modelo final. Pontualmente, pequenas alterações foram feitas, mas uma grande evolução chegou em 1971 e chamava-se SV, começando esta no chassis 4758. Uma nova suspensão traseira foi o principal factor de mudança no SV, tornando carro muito mais largo. Triângulos de suspensão mais longos foram equipados o que adicionou ao carro 3,8 centímetros. Para além disto, foram equipadas jantes Campagnolo em magnésio, mais largas e equipadas com pneus Pirelli Cintaurato. Muitas das mudanças foram realizadas pelo piloto de testes chefe Bob Wallace em conjunto com Claudio Zampolli, contribuindo de forma decisiva para a performance do novo Miura.
O primeiro chassis SV foi enviado a Bertone para que Gandini pudesse redesenhar a traseira mais larga do SV, sendo também concebidos uns faróis dianteiros com contornos mais suaves, adoptadas as luzes traseiras do Fiat Dino Spyder e piscas dianteiros mais integrados na carroçaria.
O resultado foi um carro muito mais agressivo que sublinhava o carisma adicionado pelo potente motor traseiro do Miura. O ar condicionado Borletti surge pela primeira vez como um opcional, sendo de série para as unidades destinadas ao mercado norte-americano, contudo apenas 30 unidades foram equipadas com este extra.
No final, o Miura SV registava uma performance notável, indicando as especificações da Lamborghini uma potência de 380cv e uma velocidade máxima de 290kmh. Mas estes eram provavelmente números exagerados em relação a qualquer modelo de produção regular. De facto, um motor padrão SV gerava no máximo 350cv e a velocidade máxima seria sempre inferior à do modelo P400S devido aos pneumáticos de maior dimensão.
Eventualmente, a crise nos combustíveis e a falta de procura fizeram com que a em 1973 a produção do Miura parasse, tendo sido produzidas no total 148 unidades.
Por esta altura a pesquisa e desenvolvimento já estavam viradas para o Contach, visto pela primeira vez em 1971. Em Abril de 1972 Ferrucio deixa de ser o principal acionista da Lamborghini, provavelmente porque atingiu todas as suas metas através do Miura.
Marca: Lamborghini
Modelo: Miura P400SV
Ano Lançamento: 1971
Motor
Cilindrada (cc): 3929
Potência máxima (cv/rpm): 390/7850
Binário máximo (Nm/rpm): 399/5750
Nº Cilindros: 12
Válvulas por cilindro: 2
Prestações
Velocidade máxima (km/h): 290
0-100 km/h (s): 4.5
Transmissão
Tipo: T
Caixa: 5M
Dimensões
Comp./Larg. (mm): 4359/1760
Distância entre eixos (mm): 2500
Peso (kg): 1293
Nº Portas: 2
Depósito (l): 77
Modelo 1:18
Trata-se de um modelo fabricado pela Welly. Sendo uma marca acessível, este trabalho acaba por ser muito bem conseguido. O calcanhar de Aquiles é sem dúvida a impossibilidade de aceder ao motor. De resto é um modelo bem conseguido, com um interior bastante aceitável, os elementos por baixo do capot dianteiro bem detalhados e uns surpreendentes faróis funcionais. Globalmente, estamos perante um modelo com uma excelente relação qualidade preço.